Michael Sweet e seu Stryper, ícone do Heavy Metal cristão

Foto: Divulgação
Entrevista originalmente publicada no site rockmania.com.br, em 20/04/2021

WV- Olá, Michael Sweet, primeiramente, seja bem-vindo, é um prazer realizar essa entrevista!

MS- Espere um minuto, Michael Sweet? Aqui é Dee Snider! (silêncio). Eu só estou brincando. (risos) Michael Sweet aqui. (risos)   

WV- Vamos começar falando sobre o álbum “Reborn Again”. Um trabalho de 2005, ganhando uma nova roupagem… Fale-nos sobre ele!

MS- É um álbum que originalmente começou como um disco solo. Algumas pessoas sabem, outras não, que eu gravei esse disco logo após a turnê do Stryper, em 2003, e não éramos oficialmente uma banda novamente. Eu fui para casa e comecei a compor e gravar naquela noite. Eu o finalizei como um álbum solo, e havia muitas gravadoras interessadas nele. Foi quando fizemos mais alguns shows do Stryper, e decidimos que ele seria um álbum do Stryper. Embora eu goste do disco do Stryper, e o respeite pelo que ele é, pelo o que fez e o que conquistou, eu sempre quis lançá-lo em sua versão original, por inúmeras razões… Porque há um baterista e um baixista naquela versão que eu queria que o mundo ouvisse. Eu queria consertar algumas coisas que sempre me incomodaram. O fato dele nunca ter tido os solos de guitarra adequados e os sons de bateria certos, e coisas assim. Então, eu aproveitei a oportunidade durante a pandemia para consertá-los e lançá-lo em sua forma original, com essas mudanças. E aqui está você! Você renasceu novamente.

WV- E quanto ao último álbum do Stryper, “Even The Devil Believes”, como você viu a sua receptividade ao redor do mundo?

MS- Até agora, desde que foi lançado, não ouvimos nada além de coisas maravilhosas, críticas incríveis, e o mais importante, vindas dos fãs. Essas são as pessoas com quem me preocupo. Se eles gostarem e se sentirem bem, então nós fizemos o nosso trabalho. E eu sinto que realmente fizemos o nosso trabalho neste álbum. Ele também apresenta o Perry Richardson (baixista), no seu primeiro disco oficial com a banda. Eu não teria escolhido outro álbum, e não poderíamos ter escolhido um disco melhor para apresentar o Perry. Estou realmente feliz que tudo pareceu se alinhar e se encaixar neste trabalho. Tem músicas tão incríveis neste álbum, e ele tem uma ótima sonoridade. Estou muito satisfeito com o resultado e em ver que todos também adoraram.

WV- Como estão seus trabalhos juntamente de George Lynch, no projeto “Sweet & Lynch”?

MS- Eu havia decidido que não faria mais nenhum álbum do Sweet & Lynch, isso há um ano ou mais. Mas daí eu resolvi abrir a minha mente para a possibilidade de fazer outro disco. Falei com a gravadora e eles ficaram animados com essa possibilidade. Discutimos os números do orçamento e tudo o que seríamos capazes de fazer. Então, nós estamos preparando o terceiro álbum do Sweet & Lynch. Ele vai ser feito de uma forma um pouco diferente, provavelmente vai ter outro baterista e também outro baixista. Estou co-produzindo o álbum com Alessandro Del Vecchio, que trabalha como produtor na gravadora Frontiers. Obviamente vai ser um pouco diferente, mas diferente no bom sentido, e estou animado para começarmos de verdade. Nós não vamos começar isso até o final do ano, então você não vai ver nem ouvir este álbum até o ano que vem. Mas vai ser muito bom, vai ser um ótimo álbum.

Foto: Divulgação

WV- Michael Sweet é incansável! Outra parceria sua é com Tracii Guns, da banda L.A. Guns, com o Sunbomb. Vocês vão lançar um disco em maio?

MS- Sim, quando penso em tudo o que estou fazendo e olho para o calendário, começo a respirar fundo. Eu fico um pouco sobrecarregado, porque é muita coisa, tem muitas outras coisas acontecendo, meu trabalho solo, o Stryper e todos os tipos de coisas. É emocionante saber que as pessoas querem trabalhar comigo, isso é ótimo. É uma honra pra mim poder fazer o que eu amo fazer. Eu acordo todos os dias e posso compor e produzir músicas, essa é a minha vocação na vida. Poder fazer isso em 2021 é muito bom, e me deixa muito feliz. Então, trabalhar com Tracii foi realmente diferente. Temos estilos diferentes, mas são parecidos. As pessoas parecem realmente ter gostado do que fizemos. É um pouco mais cru e não tão polido, mas é muito legal! 

WV- O que significa para você criar músicas que tocam o coração das pessoas e, muitas vezes, essas músicas acabam mudando as suas vidas?

MS- Isso significa tudo para mim, porque eu assumi um compromisso com Deus quando era jovem, e comigo mesmo, entre mim e Deus, para ser uma luz na escuridão. Compor músicas que importem, que façam a diferença, que inspirem e encorajem as pessoas. Eu não queria que fossem uma força negativa, ou uma força da escuridão, e ficar cantando as porcarias que a maioria das bandas cantam, sobre sexo, drogas e satanás. Já temos o suficiente disso no mundo, então eu apenas decidi seguir um caminho diferente e estou feliz por ter feito isso. Não me arrependo, e é muito bom saber que a música que faço tem de fato um efeito muito positivo na vida de outras pessoas.

WV- Qual a importância de Deus em sua vida?

MS- Ele é tudo pra mim! Não sou um daqueles caras que lê minha Bíblia todos os dias, e cita as escrituras a cada hora ou vai à igreja quatro vezes por semana. Não é isso que Deus espera de mim. Mas, ao mesmo tempo, Deus é tudo para mim, porque eu sinto que devo tudo a Deus. Eu sinto que Ele está me dando a minha vida, eu sinto que ele está me dando meu talento e minhas habilidades, e eu quero voltar para Ele por causa disso.

Foto: Tina Cramer

WV- O que você faz para tocar guitarra e cantar ao mesmo tempo, e tão bem? Isso por anos e anos…

MS- Agradeço o que você diz! Mas, eu não acho que sou um guitarrista especial, quero dizer, eu toco guitarra com o coração, mas não sou um George Lynch, não sou um triturador, não estou nesse nível. E como cantor, eu canto com o coração, mas não sou um Rob Halford ou um Steve Perry, não estou nesse nível. Eu não tento estar nesse nível. Eu faço o que faço e é medíocre na melhor das hipóteses, mas as pessoas parecem gostar e eu sou muito, muito grato por isso!

WV- O que você gosta de fazer quando não está envolvido com a música?

MS- Bem, eu faço muitas coisas diferentes, e eu tenho muitos hobbies. O primeiro é a música. O segundo, quando eu saio para passear, é a música. O terceiro, quando eu estou de férias e saio para viajar com minha esposa, é a música. (risos) Mas é sério, a música está no meu DNA, ela é parte de mim e do que eu sou. É praticamente tudo o que eu faço. Eu gosto de sair, de ir à praia, de passear com o cachorro, de sair de férias e fazer coisas diferentes, sair para jantar, viajar e todas essas coisas. Mas a música sempre volta, ela é a minha essência. É isso que eu faço e é isso que eu amo fazer. A música ocupa cerca de 99% da minha vida.    

WV- Em todos esses anos, quais momentos você considera mais importantes em sua história como músico?

MS- Tem muitos momentos do passado que foram maravilhosos, memoráveis e incríveis. Eu penso que os momentos mais especiais nem aconteceram ainda. Eu vivo o lema: “o melhor ainda está por vir”. Eu realmente acredito que há muito mais para fazer, e acho que o melhor ainda está por vir, ainda não chegou. É assim que vejo a vida, e sinto que ainda tem muita coisa para mim. Estou ansioso por esses momentos futuros, de fazer álbuns, fazer música, viajar, tocar e conhecer novas pessoas. Essas coisas me deixam muito animado.

WV- Você gosta de tocar no Brasil?

MS- Eu amo o Brasil! Realmente parte meu coração e me entristece não poder tocar no Brasil com mais freqüência. Temos muita sorte de voltar ao Brasil de vez em quando, talvez a cada 5, 6, 7 ou 8 anos. Se fosse algo que pudéssemos fazer todos os anos seria fantástico. Mas, sempre que vou aí fico encantado com o amor e o apoio de todos os fãs. E a paixão, que todos os fãs têm, não apenas pelo Stryper, mas pela música em geral, no estilo Hard Rock e Metal.

Foto: G1

WV- Se você pudesse fazer parte de qualquer banda da história da música, qual seria ela e por quê?

MS- Slayer! (risos) Não, eu estou brincando. (risos) Essa é realmente uma boa pergunta! Eu sempre digo o quanto eu teria adorado ter produzido, ou cantado uma música do Van Halen. Eu colocaria o Van Halen no topo da lista, mas obviamente é algo que não pode acontecer agora, porque o Edward se foi. Eu sou um grande fã de Van Halen e tenho um enorme respeito por eles. E Journey é outra banda. E Judas Priest. Eu adoraria ser guitarrista do Judas Priest, mesmo que por uma noite, um terceiro guitarrista. Apenas estar lá e agitar com as músicas, ficar atrás de Rob Halford ouvindo ele cantar, na sua presença, por uma noite, seria incrível! Eu coloco essas três bandas no topo da lista: Van Halen, Judas Priest e Journey.

WV- De agora em diante, quais devem ser seus próximos passos?

MS- Bem, acabei de terminar um novo álbum inspirador. É muito diferente pra mim, musicalmente falando, não é um álbum de Metal. Mas tem algumas das melhores canções dais quais já fiz parte, e que já compus. Eu mal posso esperar para que todos ouçam. Nós estamos mixando elas agora. E, eu acabei de finalizar um álbum com Joel Hoekstra, Nathan James, Tommy Aldridge e Marco Marcello. Vamos ter um som no estilo Whitesnake neste álbum, muito bom! E eu comecei um novo álbum na Frontiers, com o Alessandro. Espero que ele siga uma linha musical no estilo Journey, de antigamente. E eu comecei um novo disco de Metal, de Michael Sweet solo. E, começo o novo álbum do Sweet & Lynch. Já assinamos um acordo e está no calendário que vamos começar um novo álbum do Stryper.

WV- Nossa, isso é ótimo! Como eu disse antes, o incansável Michael Sweet.

MS- Bem, você sabe! Eu estou vivo, respirando. Não tenho nenhum problema de saúde, exceto coisas pequenas, como a maioria das pessoas. Enquanto eu ainda posso fazer isso, eu quero fazer o máximo que puder. Porque vai chegar um dia que eu não vou mais poder fazer isso, e quando eu olhar para trás na minha vida, quero dizer que dei o meu melhor.

WV- O que você gostaria de dizer aos nossos leitores, para não perderem a esperança nestes tempos de pandemia?

MS- Nós não podemos perder a esperança. Eu vejo isso como uma tempestade, e penso que se todos encararem dessa maneira, vai ser mais fácil passarmos por isso. Como se fosse uma tempestade sobre nossas cabeças, e que começa a passar. A chuva, o trovão e o relâmpago estão indo embora, e agora o sol está começando a brilhar novamente. É apenas um período que vai passar, como qualquer outro período.

WV- Michael, para finalizarmos: você tem um sonho?

MS- Oh, Deus! Eu tenho muitos sonhos. Meu sonho é ser um homem melhor, ser um pai melhor, um marido melhor, uma pessoa melhor, um amigo melhor… Tornar-me melhor. E eu sinto que estou falhando nisso, não sei se passei nesse teste com freqüência, mas quero tentar e melhorar. Eu sei que todos nós podemos melhorar. Sim, eu sei que certamente posso fazer melhor. Então, esse é o meu sonho, é apenas ser uma pessoa melhor. Eu sinto como se estivesse no concurso de Miss América ou algo assim. (risos)

WV- Michael Sweet, muito obrigado pela entrevista!

MS- Tudo bem, meu amigo, muito obrigado! Deus te abençoe! Mal posso esperar para vê-los quando formos para o Brasil muito em breve, ok? Bye, bye!

Foto: Divulgação
Wander Verch

Wander Verch

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